Primeiro nissei a jogar futebol profissional
Engenheiro agrônomo, ele assumiu a Casa da Lavoura, em Registro,
e foi professor e vereador na cidade
Luiz Satto Junior recusou convite para jogar no Corinthians
e formou-se em Agronomia
Chamado a jogar durante a lua de mel, ele só declinou da convocação diante da ira da jovem esposa, Carlinda Barbosa Satto. Essa história é contada com graça e alegria por filhos e netos e dimensionam a paixão que Luiz Satto Junior tinha pelo futebol.
Nascido em 15 de maio de 1922, em Pindamonhangaba, interior de São Paulo, Luiz foi o primogênito entre os onze filhos do casal Luiz Satto Hatsutaro, que veio do Japão em 1888 e se casou com Laurinda Maria de Jesus.
Hatsutaro era engenheiro civil, mas por questão de dote na entrada no Brasil, só pode entrar como engenheiro agrimensor. Influenciado pelo pai, Luiz Satto Junior graduou-se em engenharia agronômica pela Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (ESALQ), em Piracicaba, em 1949, aos 27 anos, integrando a lista dos primeiros engenheiros nikkeis do Brasil. Em Piracicaba, ele conheceu a professora Carlinda Barbosa Satto, com quem se casou.
Luiz Satto Junior foi o primeiro nissei jogador de futebol profissional do Esporte Clube XV de Piracicaba. Era meia direita e integrava a equipe titular em 1947, quando o time foi campeão do 1º Campeonato Profissional do Interior e tornou-se fundadora do futebol profissional no interior paulista. Fez 27 gols no XV, onde ficou até 1950, e foi bicampeão. Por orientação do pai, Luiz não aceito convite para jogar no Corinthians.
Em 1950, ele foi designado a prestar assistência técnica junto à Casa da Lavoura de Registro. Após a Segunda Guerra Mundial, os imigrantes japoneses que viviam no Vale do Ribeira eram muito receosos e desconfiados. O governo do estado previu que seria benéfico um profissional com descendência oriental para melhorar a comunicação e a confiança dos agricultores. Foi o que realmente ocorreu.
Nos anos de 1951 a 1955, foi professor de matemática no então Ginásio “Fábio Barreto”, onde até hoje é lembrado por muitos alunos da época.
Durante a terceira legislatura da Câmara Municipal de Registro, na gestão do Prefeito Wild José de Souza, exerceu a vereança entre 1956 a 1957. Como agrônomo e vereador, lutou para que os pequenos e médios agricultores pudessem aumentar a safra e ter acesso a créditos oficiais.
Em 7 de março de 1957, no entanto, foi transferido para a Casa da Agricultura de Tatuí, como chefe do Posto de Sementes. Em Tatuí respondeu interinamente, por diversas vezes, pela Delegacia Regional Agrícola de Sorocaba, chegando a diretor da Divisão, o que fez com que novamente a família transferisse domicílio. Exerceu o cargo até à aposentadoria do serviço público, porém, permaneceu na ativa junto às Empresas Pagliato.
Carlinda morreu em 1994, encerrando 45 anos de feliz união. Os filhos tinham vidas independentes e, passados alguns anos da viuvez, Luiz passou a sentir-se solitário e, com aprovação de todos os filhos, passou a procurar uma companheira. Foi quando lembrou de uma antiga namorada de Pindamonhangaba, cujo namoro havia sido interrompido quando ele foi para Piracicaba.
Por coincidência, Clélia também estava viúva e o resultou num novo e feliz casamento aos 76 anos. A união perdurou quinze anos, até o falecimento de Luiz Satto Junior, em 11 de dezembro de 2013, aos 91 anos de idade, em Sorocaba. Ele foi sepultado em Piracicaba.
A morte de Luiz Satto Junior foi noticiada nos cadernos de esportes dos jornais de São Paulo por seus feitos no campo do XV e foi lembrado por ter sido autor do primeiro gol na inauguração do Estádio Moisés Lucarelli, na vitória por 3 a 0 em cima da Ponte Preta.
Luiz teve vida social intensa, tendo sido membro do Lions Clube de Tatuí e Lions Clube Sorocaba Oeste, Loja Maçônica de Tatuí e Sorocaba e ADESG.
Com Carlinda, Luiz teve seis filhos: Liliana (médica), Luiz Carlos (advogado), Ubirajara (engenheiro civil), José Roberto (engenheiro civil), Maria Cecília (administradora de empresas) e Silvia Maria (advogada), vários netos e bisnetos.