ma vida dedicada a salvar vidas
Ele foi um dos pioneiros no Hospital Regional, onde trabalhou por 39 anos
Um capítulo importante da história da medicina no Hospital Regional “Dr. Leopoldo Bevilacqua” e no Vale do Ribeira foi encerrado às sete e meia da noite de 31 de dezembro do ano passado com a morte de Almelindo Savioli, um dos médicos pioneiros na região. Dr. Savioli tinha 85 anos, dos quais 39 atuando no Hospital Regional, aonde chegou em 1958.
O Dr. Savioli, como era carinhosamente chamado, nasceu em Corredeira, distrito de Pirajuí, filho do imigrante italiano Puvio Savioli. Administrador de fazenda em Pirajuí e semialfabetizado, Puvio investia na educação dos onze filhos. Almelindo foi estudar Línguas Neolatinas, em Campinas, onde ficou um ano. Nesse meio tempo, a universidade de Curitiba tornou-se federal. Orientado por um professor e influenciado por dois amigos, ele decidiu ir para a capital paranaense estudar odontologia. Na hora da inscrição, os amigos o convenceram a optar por medicina.
Mesmo contando com a ajuda dos pais e irmãos, a vida era difícil em Curitiba. O dinheiro curto obrigava Almelindo a colocar jornais sob a roupa do corpo para enfrentar o frio; os livros eram emprestados e a alimentação era feita no bandejão da universidade. “Tinha que ser persistente e dedicado”, comenta o filho Ulisses. Formado na primeira turma da Universidade Federal de Curitiba, ele fez residência em cirurgia geral na Santa Casa de Santos.
A convite de um motorista do Hospital Regional, que sabia da dificuldade para atrair médicos para a região, ele e o colega Miguel vieram a Pariquera-Açu. Encontraram Leopoldo Bevilacqua sozinho, atendendo inúmeros doentes. Decidiram ficar para ajudar o colega, mesmo sem garantia de salário. Por três ou quatro meses, os dois jovens médicos trabalharam em troca de casa e comida. Então foram contratados e, logo, Almelindo tornou-se diretor clínico do hospital, função que exerceu por mais de trinta anos. Eles também treinaram os primeiros auxiliares de enfermagem para apoio ao atendimento.
Dedicado à profissão, Dr. Savioli trabalhava mais que as horas contratadas, sem receber por isso; no Natal, no ano novo. “São os grandes médicos – Dr. Bevilacqua, Dr. Sérgio, meu pai... Eles tinham alguma coisa diferenciada em relação aos outros, além de uma ética muito grande”, observa Ulisses. O mais importante, para esses médicos pioneiros que, à falta de equipamentos e materiais, trabalhavam no improviso, era salvar vidas.
Dr. Savioli também trabalhou no Hospital São João e atendeu em vários municípios da região, como Cajati, Barra do Turvo e Pariquera-Açu, além dos atendimentos no consultório e na clínica particular em Registro. Em 1967, ajudou a fundar o Hospital São José em Registro, em sociedade com os médicos Leopoldo Bevilacqua, Sérgio Aluisio Homem Torres, João Dantas Romero Filho, Antônio Norberto Capinzaiki e Nelson Lustosa.
Dr. Almelindo Savioli foi diretor geral do São José, onde trabalhou até se aposentar, com 77 anos de idade, quando realizou a última cirurgia. Foi no Hospital Regional, há mais de cinquenta anos, que Dr. Savioli consultou a professora Maria Therezinha André, que havia sido picada por uma aranha. Onze meses depois estavam casados e dessa união nasceram quatro filhos, oito netos e o filho de criação, Dorival.
Um exemplo para quem o conheceu e, especialmente para a família, Dr. Savioli influenciou muita gente a entrar na profissão, incluindo os filhos Ulisses (cardiologista) e César (oftalmologista), o cunhado José Luiz André (radiologista) e a neta Paula Savioli Silveira, que está no segundo ano de residência em Pediatria.