Engenheiro naval, imigrante construiu a primeira máquina beneficiadora de chá da região
Issami com os filhos Isao e Koichi durante a construção da máquina beneficiadora de chá
Nascido no Japão em 13 de abril de 1891, Issami Ogawa veio para o Brasil com o sonho de fazer fortuna e retornar em no máximo três anos. Foi assim com a imensa maioria dos imigrantes incentivados pelo governo japonês. Isso porque no começo do século XX, o Brasil precisava de mão de obra estrangeira para as lavouras de café, enquanto o Japão passava por um período de grande crescimento populacional. Com a crise na economia japonesa, que gerou grande desemprego, foi selado um acordo imigratório como governo brasileiro.
Issami desembarcou no Porto de Santos com a esposa Aki Ogawa e os filhos Koichi, Nobuo e Isao (o caçula de 8 anos). A família veio com contrato para trabalhar nas lavouras de chá em Registro. Foram dois anos na Fazenda Sugano e mais dois na Fazenda de Torazo Okamoto. Engenheiro técnico naval, Issami Ogawa nunca havia trabalhado na lavoura. Para melhorar as condições de vida, a família toda ajudava na colheita do chá.
Mas logo o imigrante começou a mostrar seu talento para as máquinas. Quatro anos depois de trabalhar nos chazais, a família Ogawa mudou-se para a cidade e Issami montou uma pequena oficina para conserto de máquinas e fabricação de ferramentas. Pioneiro no uso da solda – ele comprou o equipamento em São Paulo -, Issami também construiu a primeira máquina beneficiadora de chá da região, para a fábrica de Torazo Okamoto.
A oficina e a casa da família ficavam na então Avenida Fernando Costa (atual Av. Jonas Banks Leite), onde ainda funciona a oficina hoje administrada pelos netos. Os filhos aprenderam o ofício com o pai e também ajudaram na construção da máquina de chá. “Meu pai era ferreiro e funileiro, também fazia ferramentas como enxadas e inventou o lampião com gás metano, produzido com cascas e restos de alimentos”, conta o filho Isao. “Ele gostava de inventar coisas, ficou conhecido como tio Pardal”, acrescenta.
Isao estudou Mecânica em SãoPaulo e passou a consertar carros junto com os irmãos. Issami também se aposentou na oficina. Rigoroso com os filhos, Issami Ogawa valorizava a educação e o trabalho. Nos raros momentos de passatempo, ele gostava de pescar nas margens do Rio Ribeira. E, apesar dos planos de voltar ao Japão não terem dado certo, ele dizia que seu lugar era mesmo no Brasil e não tinha mais vontade de ir embora.
Issami Ogawa faleceu em junho de 1977, aos 87 anos, após complicações no estômago. Em homenagem ao engenheiro técnico naval, o município emprestou seu nome a uma das ruas do Jardim Hatori.