Sem ele, Registro ficou mais triste
Respeitado pelos colegas, Ivan Matarazzo presidiu a OAB por dois mandatos
Fabíola Pelusi, filha de Ivan Laurindo Matarazzo da Silva, demorou alguns dias para enviar à Informaciar as fotos do pai e justificou a dificuldade que teve para selecioná-las: “É que a coisa mais rara era
conseguir uma foto dele sem que não fizesse careta ou palhaçada”. Uma boa definição para Ivan Matarazzo, como era mais conhecido, pois é difícil lembrá-lo sem recorrer a adjetivos como bem-humorado, alegre e de bem com a vida.
Ivan nasceu em Itapetininga em 28 de maio de 1947 e formou-se em Direito, na sua cidade natal, em 1975. Um ano depois de formado, veio para Registro, acompanhando a professora Clelia Maria Scudeler
Pelusi Silva, sua esposa, que havia se efetivado na Secretaria de Educação. Inicialmente, continuou trabalhando como cartorário. Depois, foi contratado pela Secretaria de Esportes, Turismo e Lazer e durante
nove anos, de 1981 a 1990, foi diretor do Centro Social Urbano (CSU).
“Desempenhava o papel que hoje seria de um secretário. Fez projetos como as aulas de judô, capoeira, yoga, natação, futebol e vôlei, entre outros esportes”, conta a filha Fabiola. Nessa época, o CSU também
oferecia cursos de corte e costura, oficinas de artesanato e cabeleireiro. “As piscinas estavam sempre cheias e atendendo toda comunidade”, revela a filha.
O CSU mantinha parceria com a prefeitura municipal e, durante muitos anos, salas foram cedidas para o funcionamento da pré-escola municipal. “Mesmo sendo funcionário do Estado, ele cuidava com carinho da merenda escolar”, lembra Fabiola.
Ivan só começou a operar o Direito quinze anos depois de formado. Sua postura profissional e ética tornou-o admirado por muitos advogados que militam na comarca de Registro. Foi presidente da Subsecção da OAB por dois mandatos consecutivos, entre 2001 e 2006. Foi vice-presidente de 2007 a 2009.
No domingo, 14 de agosto deste ano, o destino pregou mais uma de suas peças. Ivan Matarazzo foi vítima de um infarto fulminante. Em reconhecimento ao seu trabalho, a prefeitura de Registro decretou
luto oficial de dois dias.
Amigos e colegas de profissão se manifestaram nas redes sociais, com carinho e pesar, ao saber do ocorrido. “Algumas vezes, atuamos em lados diferentes no Tribunal.
No entanto, mesmo firme e competente na defesa dos seus clientes, era impecável na arte de ensinar e, em todas, mas todas as oportunidades, ele me ensinou ainda que só relatando suas experiências
profissionais e de vida”, afirmou o jovem advogado André Sanches.
Márcia Touni, que atuou na OAB ao lado de Ivan, também só tem elogios ao colega. “Era um líder nato. E também um advogado com A maiúsculo, daqueles forjados nos balcões dos fóruns, um advogado
incansável. Um ser único e raro”, declarou.
Leandro Ricardo da Silva, presidente da OAB Registro lembrou as qualidades de Ivan e a imensa perda para a profissão. “Era advogado brilhante, tribuno do Tribunal de Júri. Sempre ajudou, no silêncio, os mais necessitados. Como presidente da Ordem, conduziu muito bem a advocacia registrense, nos representando dignamente.
Era marido, pai, avô e bisavô amoroso e dedicado à sua linda família. Como cidadão prestou relevantes serviços para nossa cidade”, afirmou. Ivan casou-se com Clelia em 1971. Mantiveram um relacionamento onde era visível o amor e o companheirismo e, juntos, tiveram dois filhos - Adriano, que lhe deu três netos, Luiz, Luana e Vitor, e três bisnetos, Lucca, Sofie e Benjamin - e Fabiola, mãe da Giulia e do Vinicius.