Imigrante japonês, ela trabalhou na Usina de Beneficiamento de Chá da
Cooperativa Agrícola de Cotia
Kiyomi e Yoshio Fujii no dia em que comemoraram Bodas de Ouro no casamento em 1982
Filha de Wataro e Sei Tsuno, Kiyomi nasceu no Japão no dia 30 de setembro de 1909. Veio para o Brasil ainda adolescente e se instalou com a família no Bairro Alto, na zona rural de Registro, onde trabalharam na colheita de chá preto. O sobrenome Fujii veio do marido Yoshio, também imigrante japonês, nascido em 15 de outubro de 1913. Ele era filho de Guichi e Tomi Fujii, residentes no Campo da Experiência, onde a colheita de chá também era a principal atividade.
Depois que casaram, Kiyomi e Yoshio Fujii continuaram trabalhando na agricultura. Com o filho Júlio em idade escolar, o casal decidiu ir para São Paulo onde o menino teria melhores condições de estudo. Eles venderam o sítio e foram em 1940 para a capital, onde abriram um empório. No comércio, vendiam cereais, chá e outras mercadorias entre secos e molhados.
Júlio hoje lembra que acabou estudando só até a 5ª série. Com o término da 2ª Guerra undial, os pais resolveram voltar para Registro. Em São Paulo, nasceu a primeira filha do casal, Luiza, que mais tarde ganhou mais uma irmã, Tereza. A família passou a morar com os pais de Kiyomi, no Bairro Alto. O sítio fornecia chá para a Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), que chegou a ser uma potência no País.
Foi através desse contato que o casal conseguiu emprego na Usina de Beneficiamento de Chá da Cooperativa. Kiyomi trabalhava no setor de empacotamento do chá, enquanto Yoshio ficava no escritório, na área administrativa. Criada em 1927, a CAC se expandiu primeiro no Estado de São Paulo e chegou a ter cooperados em diversos estados do Brasil. Na segunda metade dos anos 80, a Cooperativa já tinha mais de 14 mil cooperados. Antes que a CAC encerrasse suas atividades em setembro de 1994 – depois de contrair uma série de dívidas em decorrência da crise na agricultura e do cenário econômico negativo -, Kiyomi e Yoshio se aposentaram.
Com o tempo mais livre, o casal passou a se dedicar ao lazer. O esporte escolhido foi o gatebol, praticado regularmente no Registro Base Ball Clube (RBBC). Esporte típico do Japão, o gatebol é praticado há mais de 20 anos por atletas de todas as idades. Na Grande São Paulo, existem cerca de 100 clubes e academias de gatebol. Kiyomi e Yoshio participavam, inclusive, das competições realizadas no Estado.
Foi numa dessas viagens que o casal acabou falecendo, vítima de um acidente que chocou a população do Vale do Ribeira. Ocorrido no dia 1º de abril de 1990 na BR- 116 em Juquiá, o acidente matou 16 pessoas que seguiam numa Van. Filho de Kiyomi e Yoshio, Júlio Fujii se emociona ao recordar do episódio. Ele foi o único sobrevivente da tragédia. A mãe faleceu aos 81 anos e o pai, aos 77.
Muito queridos de toda a comunidade, Kiyomi e Yoshio deixaram um vasto rol de amigos e admiradores. Em homenagem, o município nomeou uma das ruas da Vila Alvorada como Kiyomi Fujii.