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Leopoldo Bevilacqua


Médico atuou como diretor técnico do Hospital Regional por 25 anos

 

Jovem, filho de empresário bem sucedido e formado pela Faculdade de Medicina da USP, Leopoldo Bevilacqua contrariou todas as previsões sobre seu destino. Ele podia ter consultório em bairro nobre da capital paulista, mas se preparou para realizar o desejo de ir à África, onde– dizia ele – iria se sentir realmente útil. Aprofundou o conhecimento nas mais diversas áreas da Medicina para seguir seu sonho.

 

Mas numa conversa entre amigos, uma pergunta fez o jovem mudar de ideia: “Por que ir tão longe? No Vale do Ribeira tem um hospital que parece ser aquilo que você deseja”. Leopoldo veio até Pariquera-Açu, conheceu o Hospital Regional e, mesmo consciente das inúmeras dificuldades que enfrentaria, lançou-se ao ideal de ser útil exercendo a Medicina. “O Hospital de Pariquera-Açu foi construído para mim, pois a inauguração aconteceu no dia da minha primeira aula de Medicina – 28 de janeiro de 1950”, fazia questão de dizer.

 

No início de 1957, Dr. Bevilacqua assumiu o cargo de diretor técnico do Hospital Regional do Vale do Ribeira. Por um ano, ele foi o único médico da Unidade. Com acarência de funcionários, Bevilacqua ministrou aulas para preparar a população local para trabalhar nos mais diversos setores do hospital – da lavanderia ao centro cirúrgico.

 

Seus conhecimentos nas várias áreas da Medicina lhe permitiram atuar na ginecologia, obstetrícia, ortopedia, neurologia, neurocirurgia, oncologia, dermatologia, pediatria... entre tantas outras. Mas o sucesso dos atendimentos do Dr. Bevilacqua ia muito além dos conhecimentos técnicos. A personalidade extremamente otimista lhe permitia enxergar a vida sob uma ótica especial, capaz de vislumbrar soluções criativas e bem-humoradas para os mais diversos problemas.

 

Para exemplificar, basta contar a história do cidadão que ia consultar com o Dr. Bevilacqua sempre acompanhado da esposa. A cada consulta, a mulher insultava o marido, culpando-o por todas as enfermidades. Certo dia, ele procurou o médico dizendo que queria tirar a própria vida, já que a esposa o abandonara para fugir com outro homem. “Tem certeza, mesmo? Ela não vai mais voltar? Então vá até uma igreja e agradeça a Deus que ela foi embora”, disse o doutor, lembrando aquele homem sobre as tantas vezes que a mulher o maltratou. O paciente caiu em si, preferiu viver e logo encontrou um novo amor, ficando grato ao Dr. Bevilacqua por tê-lo feito mudar de ideia.

 

Além de dedicar grande parte de sua vida ao Hospital Regional de Pariquera-Açu – cidade que também adotou para viver -, Leopoldo Bevilacqua foi médico da empresa CBE (responsável pela construção da BR-116) e da SAMS (que gerenciava o sistema de saúde do conglomerado de indústrias de Cajati); atuou no Hospital São João, foi um dos fundadores do Hospital São José e abriu sua própria clínica em Registro no ano de 1972, onde atendeu até meados de 2005.

 

Apesar da intensa rotina de trabalho, Bevilacqua era bastante presente na vida familiar. Casado com Lais, o médico adorava brincar com os filhos Lia, Tullio e Vitor e com a criançada da vizinhança. Empinar pipa e fazer experimentos na oficina mecânica montada na própria casa eram os passatempos favoritos junto com os meninos.

 

Quando o Dr. Bevilacqua faleceu, em 16 de junho de 2011, aos 80 anos, a região perdeu muito mais do que um bom médico. Leopoldo Bevilacqua era daquelas pessoas que promovem verdadeiras transformações por meio do trabalho e conseguem iluminar o dia com o sorriso. Por sua contribuição imensurável à saúde regional, o Hospital de Pariquera-Açu passou a ser chamado de Hospital Regional Dr. Leopoldo Bevilacqua. Uma homenagem singela para um grande homem.