Enfermeira dedicada, trabalhou por quase 20 anos no Hospital São João
Nascida em Iguape em 15 de dezembro de 1926, Maria Conceição Franco Mâncio enfrentou por diversas vezes a dor da perda. Mas quando o golpe parecia ser fatal, ela transformou o sofrimento em incentivo para se dedicar a diminuir a dor do próximo. Filha de Alcina e Manuel Franco de Oliveira Canto, ela estudou em colégio interno em Registro e saiu para casar com Moacyr Paulo Mâncio, rapaz escolhido pela família.
O casal foi morar em Pariquera- Açu, onde abriu um restaurante. Maria Conceição se dividia entre as tarefas domésticas, o cuidado com os filhos e o trabalho no comércio. A jovem teve 10 filhos, mas cinco deles morreram ainda bebês. A perda mais dolorosa foi da pequena Dulce, que morreu vítima de queimaduras aos 5 anos.
A menina estava com os pais no restaurante, onde estava sendo realizada uma festa. A energia elétrica acabou e Dulce usou uma vela para ir ao banheiro. Conta-se que a vela queimou o cabelo da boneca que ela carregava. Na tentativa de apagar o fogo, a menina teria abraçado o brinquedo. A morte de Dulce abalou toda a família, especialmente o pai, Moacyr.Inconformado, ele só voltou a sentir alegria quando a esposa engravidou novamente de uma menina. Mas a caçula, também chamada de Dulce, mal chegou a conhecer o pai. Moacyr morreu de cirrose em fevereiro de 1962. Viúva aos 33 anos, Maria Conceição resolveu mudar-se com os filhos para Registro.
Assim que a filha de 5 anos morreu, Maria passou a aprender o ofício de auxiliar de enfermagem. Em Registro, ela começou a trabalhar como atendente no Hospital São João em setembro de 1964. Um de seus primeiros desafios foi cuidar das vítimas de queimadura de uma fábrica de palmito, onde uma caldeira havia estourado. “Mas ela enfrentou esse trauma e passou a ter cuidados muito especiais com pessoas queimadas”, conta a filha caçula Dulce Aparecida Mâncio Apaz.
Apesar de ter ficado viúva muito nova, Maria Conceição não quis casar novamente. “A vida dela foi dedicada aos cuidados com os doentes e aos filhos e netos”, ressalta Dulce. Além do trabalho no hospital, Maria era contratada para cuidar de bebês, idosos e acamados em casas de famílias.
Assim ela sustentou os cinco filhos: Sebastião Henriques Franco Mâncio (falecido), Necilda Franco Mâncio (Registro), Luiz Fernando Mâncio (São Vicente), José Fernando Mâncio (Registro) e Dulce, que trabalha nos Correios em Registro.
Maria Conceição trabalhou como atendente no Hospital São João até agosto de 1981, quando se aposentou por invalidez. Ela tinha diabetes e faleceu por complicações da doença em 17 de março de 1993, aos 64 anos. De personalidade doce e tranquila, Maria recebeu o carinho da família e dos funcionários do São João até seus últimos minutos de vida. Em homenagem à sua dedicação, uma das ruas do Jardim das Palmeiras recebeu seu nome. |
Maria Conceição (centro) era atendente no Hospital São João