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Sergio Aluisio Homem Torres


Um dos pioneiros na saúde pública no Vale do Ribeira

ELE ATUOU NUMA ÉPOCA EM QUE, PARA SALVAR VIDAS, O MÉDICO ATENDIA TODAS AS ESPECIALIDADES

 

Subir o Rio Ribeira de barco ou canoa para fazer um parto e utilizar tecido de náilon numa cirurgia de hérnia e, assim, salvar vidas. Experiências como essa foram vividas pelo médico Sergio Aluisio Homem Torres que, recém formado em medicina no Rio de Janeiro, aceitou convite para trabalhar no Hospital Regional Vale do Ribeira (HRVR). Ele chegou à região em abril de1959, aos 23 anos de idade, após enfrentar doze horas de viagem entre São Paulo e Registro. No final daquele ano casou-se com Maria Ignez Moreira de Araujo Torres, que havia conhecido em Chavantes, interior de São Paulo, onde moravam os pais dele e um irmão dela. “O Sergio e outros colegas, também muito jovens - Dr. Bevilacqua, Dr. Saviolli, Dr. Renato e Dr. Gilberto - assumiam o atendimento de clínica geral, pediatria, obstetrícia, ginecologia, cirurgia, anestesia, no único hospital existente em toda a região, e também o atendimento de urgências e emergências”, relembra Maria Ignez.

 

Em um depoimento sobre o SUS no Vale do Ribeira, em 2004, o próprio Dr. Sergio contou as dificuldades que enfrentou nos primeiros anos na região: “Nós, naquele tempo, não podíamos depender de São Paulo para tratar dos problemas. Nós tínhamos que resolver aqui o que pudéssemos, com oque tivéssemos. E assim fizemos heroísmo, em verdade, ao assumir tratamento de pessoas com recursos parcos e tivemos, com isso, grandes sucessos”. Certa vez, Dr. Sergio e seus colegas utilizaram tecido de náilon numa cirurgia de hérnia. O doente foi salvo e a experiência tornou-se case científico.

 

Maria Ignez conta que, embora tenha exercido a medicina particular, trabalhando nos hospitais São João e São José (que ajudou a fundar), a vida profissional do Dr. Sergio foi voltada principalmente para a saúde pública. Além do HRVR, ele trabalhou na Devale (atual Escritório Regional de Saúde) e como médico do INPS (atual INSS).

 

Após a aposentadoria, Dr. Sergio voltou a integrar a equipe de cirurgias do Hospital Regional. Parou de trabalhar aos 73 anos, apenas cinco meses antes de sua morte. “Sentia-se muito bem no convívio com todos seus colegas e, apesar da diferença de idade, havia um relacionamento muito especial de respeito mútuo entre ele e os jovens cirurgiões com quem trabalhou nos últimos anos de sua vida”, revela Maria Ignez.

 

“A medicina foi a profissão que escolheu por amor. Mas tinha outras paixões: o convívio familiar, o apreço pelas amizades, o gosto pelas viagens, a preferência por um bom vinho e um bom Whisky, além de curtir tudo que as artes ofereciam: música, teatro, leitura, cinema e pintura. Nos últimos anos de sua vida, em sua casa na praia, ele se dedicava à pintura”, conclui Maria Ignez. 

 

Naquela entrevista de 2004, Dr. Sergio também afirmou ter orgulho de atuar no Vale do Ribeira e se considerava realizado profissionalmente. Prova disso é que quando precisou ser submetido a uma cirurgia,optou por ser atendido pelos colegas no Hospital Regional, mesmo tendo oportunidade de ir para outros centros. 

 

Sergio Aluísio Homem Torres morreu em 19 de novembro de 2007. Além da esposa, deixou os filhos Sergio de Araujo Torres, Eunice de Araujo Torres Gavioli e Selma de Araujo Torres Omuro.