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Teruko Tereza Matsuzawa


Uma mulher inesquecível

 

Contadora e farmacêutica, ela integrou o grupo de 

mulheres que fundou o Hospital São João

 

 

Várias gerações de jovens registrenses estudaram pintura, yoga, japonês ou inglês com Teruko Matsuzawa, ou dona Tereza, como era conhecida na cidade, esposa do lendário Guido Mashito Matsuzawa, que foi durante algumas décadas o homem forte da prefeitura de Registro. “Ela foi uma pessoa inesquecível”, assegura a filha Olívia Matsuzawa Skory, fazendo eco à afirmação de quem conheceu e conviveu com Tereza.

 

Ela nasceu em Tóquio, no Japão, e imigrou com a família para a cidade de Marília, no centro oeste do Estado de São Paulo. Estudou em colégio de freiras, na capital paulista. Sonhava ser professora primária mas foi desaconselhada por não ter origem brasileira. Por isso, formou-se em contabilidade. Durante o curso, conheceu o jovem Guido, com quem se casou em 1940, em Registro. 

 

O casal foi proprietário da Farmácia Ribeira, na então avenida Fernando Costa (esquina com a rua Francisco Xavier), onde ela trabalhou por mais de 25 anos. Durante muitos anos Tereza viajou semanalmente para estudar em São Paulo até obter o diploma de farmacêutica. 

 

Antes de casar-se, ainda bem jovem, teve aulas de pintura com um pintor francês na capital paulista. Nessa época, foi contemplada com uma bolsa para estudar artes plásticas na França mas tinha apenas quinze anos e não quis ir.

 

Após a aposentadoria, Tereza dedicou se a ministrar aulas particulares para jovens e adultos.

 

Tereza sempre gostou de aprender coisas novas. Assim, aprendeu a pintar em tecido e em porcelana, soube organizar a cerimônia de chá e montar ikebanas (arranjos florais). 

 

Era, também, uma pessoa dedicada à comunidade. Integrou o grupo de mulheres que, junto com a então primeira-dama de Registro, Anita Banks, criou a Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Registro (APAMIR) e o Hospital São João.

 

A generosidade era uma característica marcante na personalidade de Tereza. Não raro, tirava remédios da prateleira da farmácia para fornecê-los, gratuitamente, às pessoas que não podiam pagar. Gostava de bichos e, muitas vezes, recebeu animais selvagens como pagamento pelos remédios. “Tivemos quase um zoológico em casa: tamanduá, tatus, jacaré, coati mundi, filhote de onça, macacos, papagaios, etc. “, conta a filha Olívia Matsuzawa Skory, que mora nos Estados Unidos desde 1965 e fez de suas lembranças um resumo para compor esse texto. Durante um ano, dona Tereza morou com Olívia nos Estados Unidos.

 

Tereza e Guido tiveram três filhos. Olívia, a mais velha, começou os estudos na USP ( Universidade de Sao Paulo) e concluiu nos Estados Unidos, tornando-se doutora em Literatura Espanhola pela State University of New York. Olívia tem duas filhas – a cientista forense Catyana, que recentemente esteve em Diamantina (MG), com o marido, para exumação dos restos da Chica da Silva, e Tamiko, mestre em Artes Gráficas. “As duas foram sempre muito apegadas a sua avó e tiveram um relacionamento excepcional com ela até a sua morte”, revela Olívia.

 

Carlos Alberto Matsuzawa, o filho mais velho, é advogado mas aposentou-se na Polícía Federal. Cássio Matsuzawa, o caçula, trabalhou no Banco América do Sul e tem dois filhos.

 

Tereza, cujo sobrenome de solteira era Yanase, nasceu em 3 de novembro de 1920 e morreu em São Paulo, em 13 de janeiro de 2009.